1. O
que é escrever? Como escrever?
Ao iniciarmos nossas atividades
de redação neste volume, acreditamos ser oportuno um momento de reflexão sobre
o ato de escrever e principalmente sobre as dificuldades que o envolvem.
Como
ponto de partida, colocamo-nos diante de duas questões fundamentais:
-
O que escrever?
-
Como escrever?
No
fundo, é o velho problema de conteúdo e forma, de idéia e palavra, de
comunicação e expressão.
1.1. O que
escrever:
O ato de escrever deve ser
entendido como a etapa final de um longo processo de reflexão. Uma constatação
óbvia: escrever é colocar uma idéia no papel; portanto, o primeiro passo é ter
uma idéia. Por exemplo, dado um tema do tipo “O Brasil no Continente Antártico”
– como foi solicitado no vestibular da FICB-DF -, o que poderia eu escrever se
nunca parei para pensar nas possibilidades do Continente Antártico e muito
menos na relação Brasil-Antártica? O que escrever se não tenho informações,
dados, enfim, conhecimentos mais específicos? Quando muito, vou “encher
lingüiça”!
1.2. Como
escrever?
Uma vez ultrapassada a primeira a
primeira fase do processo – ter idéias -, a questão que se coloca agora é como
colocar essas idéias no papel, como encontrar a melhor forma de expressá-las.
Os problemas vão desde o domínio de um vocabulário, passando por um razoável
conhecimento de ortografia, pontuação, concordância e de outros requisitos
gramaticais, para finalmente desembocar em algo muito pessoal, que é o estilo.
O produto final deverá ser um
texto caracterizado pela correção, clareza, concisão e elegância ( esses itens
figuram como síntese da redação “ideal” em concursos).
Mais umas palavrinhas: é comum,
quando se fala ou se escreve sobre redação escolar, apontar apenas as
dificuldades, ironizar erros, ridicularizar resultados: cria-se, dessa forma,
um clima adverso ao ensino (melhor seria dizer prática) de redação nas escolas,
além de se inibir a criatividade do aluno. Gostaríamos de inverter um pouco o
processo, falar da satisfação de escrever um texto, de dar asas à imaginação.
Afinal, comunicar-se é uma necessidade vital do ser humano; encontrar uma forma
satisfatória de expressar uma idéia é sempre motivo de realização pessoal. O
professor Mattoso Camara aborda um aspecto muito interessante: “a nossa
capacidade de expressão do pensar e sentir tem de firmar raízes na nossa
própria personalidade e decorre, em grande parte, de um trabalho nosso para
desenvolver a personalidade”.
1.3. Ler para
escrever
“A arte de escrever precisa assentar numa
atividade preliminar já radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de
leitura inteligentemente conduzido”. Poderíamos acrescentar, de forma mais
radical: quem não lê não escreve! Vamos voltar a um ponto básico: escrever é,
em última análise, colocar idéias no papel de forma organizada; ora, as idéias
não surgem do nada, elas são fruto de processos de comunicação e de acesso a
informações, seja vivenciando experiências, conversando (“traçando idéias”,
como se diz popularmente), e lendo, lendo, lendo. Mas uma leitura inteligente,
como realça o professor Mattoso Camara: uma leitura interativa em que o texto
atua sobre o leitor e o leitor atua sobre o texto.
É
muito comum ouvirmos a seguinte frase: “Li, mas não entendi”. Não existe
leitura sem compreensão; ler sem compreender é parar na primeira etapa do
processo de leitura, ou seja, a etapa da decodificação do sinal gráfico. Ler é
atribuir significado. Só assim ampliamos a nossa leitura de mundo.
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